sábado, 19 de fevereiro de 2011

Fragmento

Os estilhaços da minha mente não procuram se fazer sentir por um único sentido. Eles são onipresentes, como um caleidoscópio de idéias loucas, boas e más; como ficar e morrer ou partir e viver; como o calor que se sentiu.

Parece que as flechas todas são de dentro para fora. Agora, elas perfuram o vazio, transpassam o impalpável e abrem caminho para que as minhas vontades escorram para a gravidade. Acho tão estranho me sentir assim, que só consigo me enxergar parada. E, por melhor que eu me expresse, não faz sentido ter tantas fendas por onde a luz pode me invadir. Tantos corpos estranhos em um único frasco. Tantas divisões em um único estilhaço reflexivo de desejos não realizáveis.

Esse calor me preencheria de névoa e sensatez, se eu pudesse organizar meus fragmentos de maneira coerente. Sou caos.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Fungi

Os pequenos cogumelos que nasciam no meu quarto, eram muito frágeis e possuim uma cor irreal. Toda vez que eu olhava em sua direção e pensava em tocá-los, parecia que a sua cor mudava para um tom mais escuro e triste, como se nunca mais fosse nascer algo melhor pra eu observar. Pareciam implorar para permanecer intocados, até que não houvesse mais nenhuma esperança de que o sol os alcançasse. Entende o que eu quero dizer? Eles viviam na sombra, mas eram lindos! Mais para a esquerda do chão, havia algumas marcas que eu me lembrava perfeitamente de como fiz. Eu até poderia ter escondido um tesouro ali, se eu tivesse um. Mas eu não queria ter um. Nunca quiz, nem quero agora. Na verdade, tudo o que eu mais queria neste mundo, era ter nascido em outro mundo. E, assim, acho que os cogumelos irreais me lembravam constantemente desse meu sonho. Por isso, eles não podiam morrer, eles tinham de estar ali para sempre. Isso foi o mais perto que eu já pude chegar do meu lugar no mundo certo.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

...


Antes de você aparecer debaixo da minha árvore, eu lia livros sobre teorias e equações. Me lembro de passar por muitos testes e de nunca entender as soluções que eles me devolviam. Me lembro de me decepcionar várias vezes. Durante muito tempo, muitas pessoas passaram por lá, mas o clima melancólico da estação não dava trégua. Só mesmo quando você apareceu é que eu pude perceber que o reflexo na suérfície do lago havia se tornado tão colorido que me fazia desejar aquele céu todo o tempo. Aquele céu que fazia quando você se sentava ao meu lado na grama fresca.

Hoje, com uma mão eu segurei a sua e, com a outra, revelei ao ar úmido o meu livro de contos e sonhos.

"E agora, você vai perceber que eu sou sonhadora e transformo tudo em um filme romântico, drmático ou não." C.L.


O nosso mundo é maneiro, é calmo...
Tem um lago com uma árvore e é sempre Outono. A gente se conheceu lendo livros debaixo dessa mesma árvore, com cachecol e luvinhas. Até que um dia eu comentei que você tinha esquecido uma luva e que, quando você faltava, nevava. Porque, no nosso mundo, era sempre Outono e sem você o pouco de calor que me aquecia não existia. Sem você, era azul e solitário o mundo.

Ídolos, referências, blá blá

De onde vêm tanta informação expressada por nossa imagem social? Sim, porque inguém nasce já construído.

Durante a vida, e constantemente, sem pausa, chove sobre nós uma tempestade de imagens, tendências de comportamento, padrões sociais, etc que influenciam diretamente na forma como nos apresentamos.

Falar, vestir, querer, fazer... Todos têm objetos de observação que guiam qualquer tipo de demonstração de que estamos vivos e existimos fazendo sentido, seja ele qual for. Todos têm ídolos. Eu tenho ídolos. Bem anti-cristão não? Que seja.

Gostaria de saber como seria andar por ai num mundo onde ningém usasse de referências para ser o que é. Imagino que seria bem interessante.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Outono - tributo

A gente criou um mundo imaginário que hoje gritou nos meus ouvidos o dia todo.
O mesmo lago, a mesma árvore onde você descansava, aquela grama que parecia estar sempre umida da chuva, mesmo o nosso mundo sendo vermelho de calor e seco de Outono.

Talvez você nem se lembre mais e esteja andando muito distante agora, mas como eu sempre prometi, eu sempre ia voltar aquele lugar, para cuidar dessas lembranças.

Porque tudo no mundo uma hora tem que acabar, é uma lei ridícula.
Como a regra que você inventou e que eu, num momento de loucura aceitei, de que não nos apaixonariamos nunca.

A voz do nosso mundo falando insistente hoje, me deixou cansada de ser a cobaia da experiências alheias. Não se pode dizer que sou controlável, ou controlada.

Só que sinto muito por deixar tudo escapar por entre meus dedos.
E só que sinto você todos os dias e vou sentir até meu último suspiro.

Meu calor estará guardado.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Famosos devaneios a que sempre chego

O que é a morte?
Já ouvi dizer que ela é um tipo de questionário final. Mas o que então ela pergunta?

Existe um lugar onde todos podem se matar. Onde qualquer um pode ir quando quer morrer. Não fica muito longe. Nem muito perto também. Na verdade, esse lugar nunca foi bem definido para ninguém, mas qualquer um sabe como encontrá-lo quando realmente quer, sendo mas fácil achá-lo passando antes por dentro de si mesmo.

Neste lugar, que existe para todos, que querem e que não querem acreditar, tanto faz, dutrante o dia reina uma certa atmosfera fantástica, onde talvez até se possa flutuar. À noite, os pássaros cantam melancólicos pelo dia que eles chegaram atrasados demias para alcançar.

Eu já estive lá. Não existem sombras, porque não há luz. É só aquela penumbra asfixiante por todo lado. Mas atrai, atrai de uma forma... Ali, eu só consigo olhar seus olhos se você estiver muito perto de mim. Tão perto que a distância entre nossos corpos seja tão irrelevante quanto respirar ou não. Nesste lugar de morrer.

Mas que saber? Acho que não consigo IR e ESTAR lá ao mesmo tempo, porque ainda não é o meu lugar. Não quero que seja o meu tempo. Quando for, tenho uma sensação de quase certeza de que, então, quando puder existir no lugar onde todos vão para deixar de existir, eu não vou mais querer. E, provavelmente, será tarde demais.

Essa é a primeira certeza. A segunad é de que isso vai aonctecer com todos. Todos que eu amo, todos que sentem alguma emoção qualquer por mim. Todos.

Estar vivo não é eterno.