terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Refazer

Se eu sofrer, não será por nada neste mundo. E, talvez, a única forma de mostrar a todos o que eu quero seja essa: insensibilidade.

Eu estou sentada aqui, vazia, sequencial e impulsiva, sem sentir. Quer dizer, eu não sinto isso. Não sinto mais nada do que eu faço há algum tempo. Começo a pensar tentando reconhecer em qual ponto isso começou, mas sempre me interrompo antes de terminar qualquer coisa, sempre fujo para algum lugar mais alto, onde nada me aconteça, na minha cabeça. Nada, a não ser os sons que tudo faz. Pois eu sei que se eu for até o fim, eu vou me perder na confusão. E isso anula minha ascensão, meu isolamento e minha certeza de estar lidando bem com a situação.

Ah, não é agora? Se não for agora o momento certo de fugir, quando será? Se não é esta a melhor solução, alguém pode me dizer então qual é? É claro que não. Então, eu vou sorrir e ficar com todos os sorrisos que eu não pude dar durante a vida por estar presa em relações mal criadas. Não gosto de regras. Minhas correntes me mostraram isso e onde estão agora?

Eu não vou parar de ter essas reações estranhas... E não sei o motivo.

Ouve o ritmo de vida que eu escuto? Se você fosse capaz, não estaria em equilíbrio. Estaria como eu, juntando os pedaços temporariamente, até ter uma ideia melhor.

Eu vou sorrir sim, porque se eu não sorrir, eu vou gargalhar alto. E isso com certeza seria tão mais triste e desagradável.

Sinto que estou equilibrada apenas no tênue fio da consciência, da teoria, dos padrões. Tênue fio, pronta para alçar vôo sem rumo.

A sensação que eu tenho é que ninguém no mundo é ao menos parecido e, então, significa que estou sozinha. E embora por fora pareça que eu provoco isso e me isolo usando desculpas infundadas, como já ouvi pelo caminho, eu não estou seguindo nenhum plano. Não estou fazendo nada, absolutamente. Porque todas as vezes que eu lutei por algo, era falso. Estou seguindo impulsos, vontades temporárias, fico triste, fico alegre, fico confusa, fico decidida. Tudo em segundos rápidos. Quem vai gostar? Eu não tenho nenhuma segurança, nem por dentro, nem por fora.

Um grito significa libertação. Estarei em silêncio. Uma lágrima significa alívio. Estarei firme. Uma confissão significa reconhecimento das coisas certas e erradas. E eu, bem, eu estou bem aqui e é onde eu vou ficar. Não vou falar com você como se tentasse te convencer de algo sobre mim. Até agora eu não disse nada e sei que ninguém sabe ler, realmente.

Eu vou dizer qual é o problema, a parte que eu sei do problema. Não se pode reconstruir de forma segura por cima dos escombros. Sem estabilidade, parecendo ter. Esta sou eu, querendo achar uma forma de aprender com os erros e me refazer melhor.

E certo, eu gosto das minhas músicas. Gosto das minhas roupas e das palavras significantes. Mas, às vezes, eu não gosto de nada e só queria estar em outra dimensão. Uma porção de universo onde eu pudesse reinventar as relações humanas. Onde eu pudesse parar de falar sozinha sobre mim, esperando que alguém desse retorno. Onde a coisa mais simples e primordial pudesse acontecer: verdade. ­­

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